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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Exploração de imagens publicitárias 2

«A «cultura partilhada»: o melhor exemplo que conheço...

Ferrão Tavares.  Escola e televisão: olhares cruzados, Plátano Editora

« De Doisneau à Publicidade Peugeot  –  A beleza é eterna

Objectivos
Desenvolver a competência cultural
Levar os alunos a realizar os seguintes actos:
·      Descrever
·      Comparar
·      Contextualizar (noções de espaço e tempo)
·      Argumentar (estruturar os argumentos, encadeá-los...)
·      Ouvir os outros

Público
Do ensino secundário, do ensino superior, aprendizagem ao longo da vida
Material
Spot Peugeot 406
Álbum de fotografias de Robert Doisneau, postais, artigos de jornais
Internet



1. Formular perguntas que levem à descrição: tempo, local, objectos, pessoas.
Ex.: Que marcas reenviam para o passado? Vestuário? Tempo? Cores? Localizar: numa cidade, num lugar público?
 2. Formular perguntas que levem à narrativização da imagem. Imaginar as imagens anteriores, as seguintes.
3. Levar a relacionar com outras fotografias, folhear álbuns. Relacionar.
4. Procurar, na net ou em álbuns, fotografias de Robert Doisneau.
5          Compreender a intenção da publicidade, descobrir o público-alvo a partir do conceito de «culture métisse» ou de cultura dos media. Reflectir sobre alguns tópicos: A arte de Doisneau combinada com a publicidade.
-          A beleza é eterna. Construção em palimpsesto.
-          A ideia de modernidade e de luxo veiculada pelo recurso a Doisneau.
-          A publicidade assume um papel de descodificador da cultura erudita.
-           O espectador atento reconhecerá o documento fonte,  em palimpsesto quando o encontrar no seu caminho, graças à forma mediatizada.
-  Mas, como a beleza é eterna, é necessário encontrar hoje novas formas de beleza: o Peugeot 406 e o site construído em flash.
- Explorar, por exemplo, as noções de qualidade  –  o belo –  e de tempo com base na  construção em flash do site, as marcas temporais icónicas como a máquina fotográfica, a  televisão, e as marcas linguísticas».

Exploração de imagens publicitárias


Ferrão Tavares.  Escola e televisão: olhares cruzados, Plátano Editora


EXPLORAÇÃO  da  PUBLICIDADE

IDado o carácter híbrido da publicidade, é difícil situá-la nos três tipos de programas que geralmente se consideram (informativos, de entretenimento, ficção). Muitos spots contam histórias, outros insistem na informação sobre um tema, por exemplo, sobre o ambiente e, no fim, surge a marca do detergente, etc.   Consoante os momentos vividos, os publicitários fazem apelo à encenação de princípios ou valores diferentes: a beleza das mulheres, ou o seu trabalho intelectual e o sucesso dele decorrente; o valor da simplicidade da infância; o exotismo e o desejo de conhecer o diferente; o sucesso económico; o valor da cultura através dos livros...

A  observação da publicidade pode assim situar-se a diferentes níveis:

1.      A publicidade como espelho de uma sociedade
2.      Os spots enquanto histórias

3.      Os textos dos spots


A publicidade poderá, por um lado, ser utilizada na escola com a finalidade de proteger as crianças, fornecendo-lhes meios de evitar a manipulação e de aprender a ser consumidores conscientes. Por outro lado, a publicidade  poderá ser utilizada como auxiliar didáctico, como processo de motivação, mas também como processo de abordagem de conteúdos ligados à competência linguística e discursiva. Os slogans permitem a expressão não só das funções informativa e expressiva, mas também da função poética.

Analisar os implícitos, os palimpsestos,  em slogans constitui uma maneira de levar os alunos a reflectir sobre dados da actualidade ou de cultura partilhada.


 





 Ficha pedagógica
Objectivos
Desenvolver a competência comunicativa
Levar os alunos a realizar os seguintes actos:

·      Descrever
·      Contar
·      Argumentar (estruturar os argumentos, encadeá-los...)


Material
Spots
Artigos de jornais
Sites
Descrição de actividades
-          Passar as imagens de um spot e pedir aos alunos que imaginem os vários produtos que poderiam ser publicitados a partir dessas imagens. No caso de spots construídos segundo um formato narrativo, mostre aos alunos o início de um spot pouco conhecido, peça-lhes que imaginem a história e que adivinhem o produto publicitado.
-          Descrever os elementos formais que compõem o spot. Papel da cor, do movimento, do gingle, dos planos...
-          Fazer a «leitura» dos anúncios de televisão durante umas horas, procurando relacionar o momento de transmissão dos anúncios com o público visado e com os «valores» a que se faz  apelo.

-          Analisar em alguns spots a estrutura interactiva.

-          Que actos interactivos (abertura, desenvolvimento, fecho) realizam as personagens?
-          Que actos de fala realizam (falam para pedir uma informação, protestar...)?
-          Que formas verbais e não verbais são utilizadas em situação de pedido, por exemplo?
-          Que processos estilísticos surgem nos slogans?
-          Como são obtidos determinados efeitos estéticos (relação texto, imagem, som)?

-          Observar um spot  de uma televisão estrangeira sem som. Adivinhar o produto publicitado e imaginar o texto. Confrontar com a versão em língua estrangeira – mesmo desconhecida do aluno para suscitar estratégias de intercompreensão.

-          Partir de um anúncio radiofónico e pedir aos alunos que imaginem uma sequência de imagens que poderiam constituir o anúncio televisivo.

-          Agrupar spots segundo critérios a determinar: temáticos, mais ou menos educativos, narrativos, prescritivos, presença de pessoas, crianças, mulheres... Os alunos terão de justificar aos colegas dos grupos os critérios utilizados para a sua classificação.

-          Coleccionar algumas histórias. Procurar responder às perguntas:

-          Que personagens ou acontecimentos representam as funções de herói, adjuvantes, oponentes? Qual a situação inicial? Como surge a complicação? E a resolução? Qual o espaço e o tempo escolhidos?     

-          Fazer concursos de slogans a partir da construção de  matrizes, pedindo aos alunos que proponham também sequências de imagens, sugestões verbais de imagens, recortes de revistas, etc.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Exploração da televisão (Internet) ou do livro e operações cognitivas

 Ferrão Tavares.  Escola e televisão: olhares cruzados, Plátano Editora

Extracto  desformatado e  actualizado

O sucesso escolar depende em grande parte da capacidade que os alunos têm de verbalizar operações como observar e reconhecer, comparar, sintetizar, contextualizar, etc., a partir dos diferentes suportes que encontram no seu quotidiano. Desenvolvemos algumas considerações sobre as operações em questão e damos exemplos de instruções que podem levar à mobilização destas operações a partir da televisão.


OBSERVAR/RECONHECER

Ler o ecrã da televisão implica, em primeiro lugar, reconhecer o dispositivo discursivo do canal em questão: situação do apresentador no ecrã, janelas, legendas... som, música, voz.
São estas as primeiras etapas do processo que exigem competências referencial, sociocultural, discursiva e mesmo linguística por parte do telespectador-aprendente que observa uma montagem plurilingue da televisão.

Estas operações cognitivas que se traduzem em produções em língua materna podem ser integradas no que passaremos a denominar de Educação linguística, de language awareness. Assim, a televisão contribui para uma sensibilização para as outras línguas. As línguas estrangeiras constituem deste modo um terreno comum à televisão e à escola. (...) O facto de os canais de televisão não dobrarem os programas é um factor muito importante no desenvolvimento de competências plurilingues e pluriculturais. Mesmo nos telejornais, as línguas são utilizadas no seu contexto dada a possibilidade de recorrer a legendas. A criança habitua-se a diferentes ritmos, diferentes sonoridades, diferentes débitos, ainda que predomine o inglês. Procede a uma aquisição ou a uma aprendizagem por impregnação. E, além disso, as línguas são faladas em situação, o que torna possível a entrada simultânea das culturas respectivas.
Fazer observar alguns segundos de uma montagem com um extracto de jornal televisivo (depoimentos em língua estrangeira), anúncio (há alguns anúncios plurilingues)... Parar a imagem e formular as seguintes perguntas:
O que é que viram? Pessoas, objectos? Cores? Suporte escrito? Em que parte do ecrã? Quantas janelas há no ecrã?

Que línguas são faladas? Porquê? Que palavras conseguiram identificar?

Fornecer uma lista com algumas palavras. Pedir aos alunos que as leiam antes da observação:
Nesta lista há palavras também escritas no ecrã? Reconhecem palavras que tenham sido ditas?

ANTECIPAR

Antecipar o sentido, formular hipóteses são operações que estes aprendentes podem desenvolver.
Com o título X, de que tratará o programa/ emissão...?

Se for um programa de meteorologia, quem verão? O que verão na imagem?
Haverá símbolos? Quais?

Fez o levantamento de símbolos da meteorologia? São iguais aos dos canais nacionais?

Se for um concurso....

Os concursos são óptimos para reflectir sobre rituais sociais, regras de cortesia... Antes da observação, dizer aos alunos que vão observar três minutos de um programa. Levá-los a formular hipóteses:

 Qual será o tema das perguntas? Os concorrentes apresentam-se? Como é que se apresentam?

Ex.: num concurso, como é que a apresentadora tratará os concorrentes: com cortesia, será simpática, agressiva?
Se for um telejornal...
Que imagens poderão ser projectadas para acompanhar um texto ouvido/lido/escrito? Haverá convidados? Especialistas? Testemunhas?

LOCALIZAR/ CONTEXTUALIZAR


Uma das mudanças cognitivas que poderá estar a dar-se nas crianças dos ecrãs prende-se com o tratamento do tempo e do espaço: perdem a capacidade de distinguir factos remotos com factos quase presentes. Por apresentarem muitas vezes os factos fragmentados, sem a preocupação de procederem à sua contextualização, os media são acusados de apresentar uma cultura mosaico.

Fornecer listas de palavras, um mapa da Europa, de Portugal (dependendo do que se pretende que os alunos localizem). Observar um extracto, por exemplo, de jornal televisivo.

Na lista seguinte, sublinhe os termos que leu / ouviu. De que países se fala?

Localize-os no mapa. Em que região? Norte? Sul? Quantos quilómetros separam essa cidade da sua? É a primeira vez que se fala sobre... De que acontecimentos se fala? Sublinhe dois desses acontecimentos. O que é que sabe sobre o país, pessoa em questão? Fala-se de factos? Quais as consequências?

RELACIONAR

Evidentemente, a contextualização passa pela necessidade de relacionar. Observar extractos de «famílias» de programas (dois ou três extractos do início do jornal televisivo em dois ou mais canais, casamento de duas ou mais figuras públicas, catástrofes...)


Procure semelhanças entre os programas... Quais são as palavras dos títulos do sumário retomadas no desenvolvimento? Que palavras não são visíveis? Que objectos vistos não são mencionados oralmente? Compare o discurso do apresentador com o do especialista de serviço. Que informações foram acrescentadas?
O que é comum a estas quatro notícias (casamentos de pessoas conhecidas)? De que se fala nos quatro casos? Compare também outras famílias de acontecimentos: escândalo financeiro?; catástrofe?; compra de jogadores de futebol?


CLASSIFICAR/HIERARQUIZAR

A quantidade de informação disponível obriga a operações de selecção, de estruturação. Ora, até aqui, a escola tem fornecido a informação ao aluno pronta a consumir. Os conteúdos são apresentados de maneira fragmentada, estabelece-se uma progressão… As fotocópias só acentuaram esta prática. Os manuais já apresentam os resumos por onde se deve estudar. Não há necessidade de ler as obras literárias, já que os resumos permitem fazer os exames de 12º ano.

Os alunos não precisam de procurar a informação, de encontrar critérios para a avaliar. Como não hão-de perder-se na Internet se não aprenderam a seleccionar?


Integrar a informação implica que o aluno possua conhecimentos. A memorização é necessária. Não visa apenas a reprodução dos conhecimentos, de um modo mimético, acrítico, mas também a integração.

Dar lista de títulos. Pedir aos alunos para seleccionarem os títulos mais importantes e para os ordenarem de acordo com a sua importância.

Classifique os títulos seguintes em rubricas: estrangeiro, desporto, educação...
Ordene a seguinte sequência de notícias. Como as hierarquizou? Compare a sua lista e os seus critérios com a lista e os critérios dos seus colegas (número de pessoas envolvidas, proximidade geográfica, relação com os seus interesses, repercussões para o mundo, países... ).
Estabelecer hierarquias de títulos

Os alunos estabelecem a agenda e discutem os critérios: impacto, número de pessoas envolvidas, proximidade geográfica, positivo antes de negativo, consequências, relações com os seus interesses...
Os alunos comparam a sua lista com a lista feita pelos colegas.

INTERPRETAR

A interpretação implica que o aluno disponha de instrumentos de compreensão que foram adquiridos nas fases precedentes. Nesta fase, o aluno pode chegar a conclusões, verificar se as hipóteses que formulou nos exercícios precedentes se confirmam.

A que conclusões chegou?
Compare esses dados com as hipóteses que formulou. Surpresas? O que pensa a propósito de...? Que sentido atribui a...?


COMPARAR COM OUTROS SUPORTES

Tratar a informação implica tomar decisões, saber tratar as fontes de informação.
O tratamento da multimodalidade da informação implica a compreensão de linguagens híbridas, de novas linguagens.

Esta fase implica por isso a mobilização de todas as operações atrás apresentadas.


Observar um extracto da programação televisiva e o site correspondente. Procurar os mesmos títulos na imprensa escrita e on-line.

Que palavras são ditas, podem ser lidas no site?Que títulos? São os mesmos? (COMPARAR)
Compare os dados obtidos com o tratamento dado aos mesmos acontecimentos pela imprensa escrita.
Em que página do jornal? (LOCALIZAR)
Que diferenças encontrou? (RELACIONAR/COMPARAR)
Em que rubrica? (CLASSIFICAR)
Quem deu mais relevo? Com que critérios? (HIERARQUIZAR)
Compare os dados obtidos com o tratamento dado aos mesmos acontecimentos pela versão on-line do canal:
Como encontrou as informações? (LOCALIZAR)
Onde está o menu no site? (LOCALIZAR)
Que imagens do programa reteve? (competência a desenvolver pela escola).

quarta-feira, 30 de março de 2011

Exploração de programas de televisão: Documentários


Ferrão Tavares.  Escola e televisão: olhares cruzados, Plátano Editora

A televisão apresenta programas  cujos temas são simultaneamente abordados na escola. É o caso dos documentários sobre ambiente, sobre poluição, sobre animais, sobre história, e também de programas visando a apresentação de obras literárias.
O formato dos documentários tem-se modificado com a evolução da televisão. Os documentários mais antigos adoptavam um tempo lento, próximo do tempo da escola. A objectividade no tratamento do tema constituía um fim. Normalmente, uma voz off fazia o comentário de tipo pedagógico das imagens mostradas.

Hoje assiste-se à adopção de um tempo rápido, polícrono. As imagens sucedem-se, sendo os comentários feitos por uma voz off ou através da presença de especialistas ou de testemunhos dos acontecimentos relatados. Aliás, estes entram em formato narrativo. Estruturam-se a partir de uma situação problemática à qual se sucedem resoluções, complicações e uma situação final.  Os animais são seguidos muitas vezes ao longo do tempo e são-lhes dados nomes, mesmo a animais da selva. Conhecemos o nome do animal, do seu companheiro, dos inimigos, etc.   Por vezes, os documentários estruturam-se a partir de «famílias de  acontecimentos» como guerras, o acasalamento de animais da floresta, de peixes, de aves, ciclones... 


Ficha de leitura de documentário

 A técnica KWL ( Known, o que sei; Want, o que quero saber; Learned,  o que aprendi)  permite a articulação entre a fase de antecipação feita a partir dos conhecimentos prévios dos alunos com a fase de observação e de sistematização das aprendizagens. Permite uma integração dos media no programa de estudos em curso, contrariando a tendência para a cultura mosaico que referimos.

Objectivos

-          Desenvolver processos de leitura interactiva
-          EXPLICAR
  • Seleccionar informação
  • Relacionar dados
  • Hierarquizar informações
  •  Resumir
(Alguns objectivos dependem, evidentemente, da natureza do documentário seleccionado.)

Material

Documentário gravado ou na Internet.
Público

Alunos de todas as idades. O documento determina, evidentemente, o público.

Descrição da actividade

1. Fase de preparação
Os alunos preenchem as duas primeiras colunas reflectindo sobre os seus próprios conhecimentos acerca de um determinado assunto, por exemplo, animais (no 1º Ciclo). 

2. Fases de observação e de compreensão
Os alunos procuram responder às suas próprias perguntas fazendo uma leitura selectiva do documentário.

3. Fase de sistematização
Os alunos preenchem a 3ª coluna com o que aprenderam e podem, em seguida, estruturar os elementos anteriores fazendo um mapa semântico, escrevendo frases soltas que depois hierarquizam de modo a fazer um resumo. Com alunos mais pequenos, o professor pode fornecer, sob a forma de etiquetas, as frases que serão depois ordenadas, dando origem à reescrita para a produção de um resumo. Pode também fornecer só algumas frases, devendo os alunos  preencher os «espaços» em falta.


Os alunos podem elaborar  listas de objectos vistos ou ouvido.
A exploração temática decorre do documentário.

terça-feira, 15 de março de 2011

TV 5 - Aprender e ensinar com a televisão

Como refiro num artigo publicado na revista do Brasil Recortes, « A aula de língua estrangeira deu-se conta de que, ao ultrapassar fronteiras, a televisão desempenha um papel importante na “mestiçagem” entre os públicos, na educação intercultural, na educação linguística, mas que é no espaço da escola que as potencialidades deste medium podem ser “rentabilizadas”. Constata-se, com efeito, que a televisão está presente, nos programas, nos manuais, nas práticas, nos exames… Importa, por isso, tentar compreender as relações entre a aula de língua e a escola paralela que constitui a televisão».

A RTP não tem este serviço, mas  é possível utilizar os materiais da TV 5 para o ensino do Português. Por exemplo, a partir dos documentos  Villes du Monde.